domingo, 1 de julho de 2007

Nem só nem mal acompanhada


Os números divulgados recentemente pelo The New York Times, de que 51 por cento das mulheres americanas vivem actualmente sem um cônjuge. E isso, no entender dos especialistas ouvidos por aquele jornal, deve-se sobretudo ao facto de as mulheres se casarem mais tarde, coabitarem sem casamento, terem uma expectativa de vida maior do que a dos homens e demorarem mais a voltar a casar após um divórcio ou separação, ou nunca chegarem a fazê-lo efectivamente.

Mais do que fenómenos norte-americanos, estes são sinais dos tempos em que vivemos e das sociedades em que estamos inseridos neste lado ocidental do planeta.

Um pouco por todo o mundo ocidental as mulheres ganharam um terreno que até há bem pouco tempo pertencia apenas aos homens – o da independência. Como nos outros países, as nossas mulheres entraram no mercado de trabalho. Porquê? Por via da emigração (por causa dos homens terem emigrado), pela questão da guerra colonial e também por dificuldades económicas.

Como as restantes mulheres ocidentais, as portuguesas trabalham e fazem-no hoje, na grande maioria das vezes, mais por aspirarem a realizar-se profissionalmente do que apenas pelo dinheiro. E esta independência dá-lhes a oportunidade de escolher os seus destinos: quando e com quem se querem casar, que tipo de casamento querem ter (formal ou não) e até mesmo tomar a iniciativa de um divórcio ou separação.

As mulheres apostam cada vez mais em ter carreiras profissionais. Prolongam os estudos – há mais mulheres do que homens nas universidades – e têm esse objectivo de ter uma carreira. O facto de, por exemplo, terem um filho ou de se casarem pode constituir um obstáculo. Elas têm de gerir simultaneamente a possibilidade de ter uma carreira e de constituir uma família. Isso explica que as mulheres hoje em dia, de facto, casem muito tarde”, comenta Mário Leston Bandeira, demógrafo do ISCTE e presidente da Associação Portuguesa de Demografia.

As pessoas têm a tendência de se casar mais tarde, o que também explica que acabe por haver menos pessoas casadas. Em Portugal, nos últimos 10 anos, a idade média do casamento dos homens e mulheres subiu cerca de dois anos, que é uma coisa notável. Mas, comparando com a Europa, somos provavelmente o país cuja nupcialidade (primeiro casamento) é mais elevada”, comenta o demógrafo. E exemplifica: “Na Suécia, cerca de 39 por cento dos homens fazem o primeiro casamento. Os outros nunca se casam. Em Portugal, é à volta de 74 por cento. E as mulheres um pouco mais. A sua nupcialidade é um pouco superior à dos homens, o que também é uma coisa nova.” Isto explica-se, de certa forma, pelo facto de os recasamentos (formais) serem mais frequentes entre os homens do que entre as mulheres. E normalmente a tendência é a de que os homens casem pela segunda vez com mulheres mais novas e, em muitos casos, solteiras.

Um caso: Isabel Osório*, de 37 anos, por sua vez, esteve às portas do altar mas desistiu dois meses antes. “Para mim, casamento é para toda a vida, mas quando comecei a pensar que iria todos os dias despertar com a mesma cara ao meu lado e partilhar diariamente o espelho da casa de banho com a mesma pessoa apavorei-me. A partilha do espaço é para mim muito difícil”, recorda. Dona de uma vida profissional agitada e absorvente, da qual sente muito orgulho, Isabel gosta de se sentar com as pernas esticadas no sofá quando chega a casa, de acender a luz em plena madrugada quando não consegue dormir ou levantar-se a meio da noite para ouvir música. “Não quero abrir mão de nada disso”.

By revista Máxima



Ora bem.. os numeros sao numeros. É dificil entender o sentimento que nos faz aproximar e afastar alguém..

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